Monumental- O "Gigante" dos anos 50

O Monumental e o seu nome diz tudo: grandeza, imensidão, colossal...um enorme ponto de referência de Lisboa, mais concretamente na Praça do Saldanha, onde existiu durante largos anos.

Cinema Império - Outro "Gigante" Lisboeta

Em Maio de 1952, seria inaugurado o Cinema Império, localizado na Alameda D. Afonso Henriques, que contou com as presenças de diversas individualidades importantes da altura.

EDEN - O "GIGANTE" dos Restauradores

O novo Éden Teatro foi inaugurado em 1937 com a apresentação da peça "Bocage", interpretada pelo actor Estevão Amarante, numa cerimónia memóravel presidida pelo Chefe de Estado, o Marechal Carmona.

Cinema Vale Formoso: Para quando a sua reabilitação?

Entre as décadas de 1950 e 1970, este cinema (a par de outros como o Júlio Dinis, Terço, Passos Manuel, etc.) foi considerado como uma das salas de referência da cidade do Porto, tendo sido explorado pela Lusomundo.

Águia De Ouro - Clássico do Porto

Em 1930 viria a inaugurar-se o cinema sonoro com o filme All That Jazz com Al Jolson. O Águia d'Ouro seria então considerada uma das melhores salas do Porto.

29.9.07

Cinema dos primórdios: os "Piolhos" Salão Lisboa e Salão Portugal

O Salão Lisboa, conhecido como “Cinema Piolho”, foi construído num terreno na Rua da Mouraria, entre as Escadinhas da Saúde, o Antigo Beco do Cascalho e a Rua das Fontainhas a São Lourenço. Este edifício modesto pertencia à "Empresa Salão de Lisboa, Lda.", de Henrique O’Donnell (funcionário da Companhia dos Tabacos) e Victor Cunha Rosa (empresário da exploração cinematográfica).

De cariz popular, servindo uma zona tão característica como aquela onde se situa, este cinema abriu as suas portas ao público em 1916, com sessões às quintas-feiras, sábados e domingos. O seu interior compunha-se de plateia e balcão e tinha a capacidade para acomodar 510 espectadores.

O público era essencialmente jovem, o que fazia com que os filmes de acção fossem o essencial da sua programação.Em finais de 1928, iniciaram-se as obras de reparação e embelezamento, como forma de corresponder às exigências do público e ao aparecimento de novas salas. A Inspecção Geral dos Espectáculo autorizou essas obras, mas determinou a inversão das características da sala, nomeadamente com a mudança da cabine de projecção que ficaria situada no lado oposto à saída principal que dava para a Rua da Mouraria, como também foram suprimidas as colunas que suportavam o piso do balcão, o que originou a construção de instalações sanitárias nesse mesmo balcão.

Foi em 1932 que se introduziram novas alterações, principalmente na fachada. Sob a alçada do projecto do Arqº António José Pedroso, este edifício adoptou a fachada que mantém até hoje. De modo a valorizar o imóvel, os donos resolveram substituir a cobertura de madeira existente desde o inicio por uma estrutura de ferro, coberto de chapas de fibro-cimento.

Até 1972, o Salão Lisboa continua nas mãos da família O’Donnell, altura em que suspende a sua exploração cinematográfica, passando aí a funcionar um armazém de revenda que, no entanto, continuou a manter na fachada o nome de “Salão Lisboa”.









O Salão Portugal foi outro "Cinema Piolho", que foi construído de acordo com o desejo do comerciante José Nicolau Veríssimo, situando-se na Travessa da Memória nº 26 no Bairro da Ajuda, com a intenção de não só realizar espectáculos cinematográficos, como também apresentar números de variedades, tendo o projecto incluindo a construção de um palco.

As portas deste cinema abriram ao público em 1928 e a sua exploração estaria a cargo do seu dono até 1935, quando a "Sociedade Geral de Cinemas, Lda." tomou conta do espaço. Desta empresa fazia parte Jaime da Cunha Rosa, ligado ao negócio cinematográfico no Olímpia  Salão Lisboa e Paris Cinema, do qual se tornaria proprietário.

Em 1936, a sala sofreu uma profunda remodelação, sem perder o estilo exterior dos anos 20. A sala era constituída por uma 1ª plateia com 340 lugares; 2ª plateia com 80 lugares; balcão que acomodava 136 espectadores e 12 camarotes, perfazendo um total de 510 lugares.
Em 1945, a exploração deste salão volta para o seu proprietário, que preside até ao ano seguinte, onde começa a ser explorado por D.ª Amália Madueño Diaz.

Gozou de grande popularidade até aos anos 50, mas não conseguiu fugir ao rótulo de "cinema piolho", apesar da sua fachada trabalhada, dos candelabros e do balcão para a nobreza residente no bairro. No inicio dos anos 50 entrou em decadência e fechou portas em 1977. Acabou por se transformar numa ruína, até que com a entrada no novo milénio o edifício foi restaurado, mantendo a sua fachada original e actualmente é a sede do Comité Olímpico de Portugal.











O que caracteriza estes dois salões era o facto de serem considerados "piolhos", que proliferaram em Lisboa. Estes "piolhos" tinham sempre dois filmes em exibição ou sessões contínuas e eram destinadas a um público jovem, principalmente adolescentes trabalhadores. Outro factor que caracterizava este cinemas era serem pouco higiénicos, por isso denominavam-se de "piolhos".


Fontes:
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa – Um fenómeno urbano do século XX, Lisboa, Editorial Bizâncio, 2012
FERNANDES, J.M, Cinemas de Portugal, Edições Inapa, 1995
RIBEIRO, M. Félix, Os mais antigos cinemas de Lisboa, 1896-1939, Lisboa, Instituto Português de Cinema/Cinemateca Nacional, 1978
http://diasquevoam.blogspot.com/2007/01/os-piolhos.html
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/?id=726
http://cinemaaoscopos.blogspot.com/2009/12/salao-portugal-1928-1977.html
http://citizengrave.blogspot.com/2011/10/cinemas-onde-vi-filmes-salao-lisboa.html
http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=1012947
https://arquivomunicipal3.cm-lisboa.pt/xarqdigitalizacaocontent/Imagem.aspx?ID=2919058&Mode=M&Linha=1&Coluna=1